quarta-feira, dezembro 06, 2006

QUEBRADEIRAS DE CÔCO


Babaçulândia, norte do Tocantins e as margens do rio. A região leva esse nome devido a grande quantidade de palmeiras de babaçu, côco da região. Deste se extrai óleo e se produz artesanato e carvão. O local é pobre e de difícil acesso. Para chegar é preciso encarar lamas, ribeirão (sem ponte) e muitos buracos . A vila Garrancho é isolada (literalmente; quando o riberião enche ninguém entra e nem sai, ele é um divisor natural). Sem infra-estrutura. Aqui são muitas as Marias, Josefas, Keilas e Cleuzas que do babaçu dependem para viver. O dia dessas mulheres começa cedo e não é nada fácil. É preciso se embrenhar na mata e catar os côcos (muitas aproveitam e extraem a castanha por lá mesmo). Trabalhar com o produto, que exige força e habilidade. E assim, de castanha em castanha, artesanato em artesanato, elas vão se mantendo e mantendo suas famílias. O ofício é passado de geração a geração. Há anos se tornou a forma de sustento e trabalho. É o que esse povo aprendeu a fazer. É o que os mantém nesse local.
o orgulho...
Há três anos elas organizaram a Associação de Quebradeiras de Côco, e estão orgulhosas. Compraram maquinários e entraram de vez na produção do artesanato. Aproveitando o babaçu por inteiro. "Tenho orgulho de ser quebradeira de côco", afirma Keila, a presidente. As peças têm valor agregado e dá melhor renda para as artesãs. Compensa pelo financeiro e também é menos trabalhoso que a forma tradicional de quebra.
o medo...
Tudo caminha bem, obrigado. Ôpa, será? A associação está montada e vendendo muito. Dando outra cara e sentido ao local (castigado). Mas...há uma ameaça, ou promessa? Parte da região norte, às margens do rio Tocantins, está fadada á morte. Um mega projeto de construção de usina hidrelétrica está em andamento. Muitos lugares, inclusive Babaçulândia, será coberto de águas. Interesses de grande capital. "Parece um castigo. A gente conseguiu se organizar, estamos vivendo melhor e corremos esse risco. Nem sabemos pra onde vamos e como vamos ficar!", desabafa dona Maria.
a compensação ...a dúvida...
Como medida compensatória a empresa responsável pela barragem irá deslocar as famílias e "indenizá-las" (no Brasil já vivemos muitos problemas parecidos). Prometem (avalizadas pelo governo) infra-estrutura e condições "dignas" (o que será digno para eles?). A grande dúvida que paira no ar é: além das famílias eles também removerão as palmeiras de babaçu? Ou será que as donas Marias, Josefas, Keilas e Cleuzas terão que se virar, resgatar suas auto-estimas e econtrarem outro sentido na vida?

sábado, dezembro 02, 2006

ESSA VEIO PRA DERRUBAR

Espirro, febre. Dói aqui, dói ali. O nariz sangra, o corpo está "moido". Peito chiando, tosse, respiração ofegante. Há tempos eu não tinha uma crise de bronquite aliada a tão forte gripe e asma. Cama o dia todo. Perdi as contas de quantos chás e remédios tomei. Fiz inalações (e muitas vezes). Desmarquei compromissos. A minha saúde parece estar pedindo um tempo. Não sou de entregar os pontos, mas nesse caso eu me rendo.
a família substituta...
Sorte minha a de estar hospedado na casa da família Beserra (com "s" mesmo), sou tão bem tratado que já me sinto um membro. Graças a eles o meu desespero não é maior (doente longe de casa é mais frágil). Cuidam de mim, se preocupam com a minha alimentação e dormida. Um agradecimento especial a Fátima e a Beatriz. Me cuidam como filho. O tempo todo é cházinho, remédios e estão sempre à porta do quarto perguntando: " tá melhor?", "precisando de alguma coisa?". Obrigado e desculpem a trabalheira. Na noite, as crises respiratórias foram tão intensas que ninguém dormiu; desculpem. Não há como descansar. Acabo constrangido por atrapalhar o sono de todos, e ao mesmo tempo me sinto amparado.
os amigos
Adoecer não é nada bom. Imagine longe de casa e dos amigos! Amigos me são presentes aqui. Sou um doente com direito a visitas. Daqueles que ficam no quarto (cena engraçada) com cadeira do lado da cama, para receber quem chega. Isso me anima.
a saúde pede um tempo...
Tenho trabalhado bastante (oficinas de teatro e comunicação), feito apresentações, participado de bates-papos e conhecido lugares e pessoas. Viajo os arredores, histórias vivas; passo o dia em vilarejos e matas a dentro. Desde a saída já foram mais 8 mil km. No norte o calor é demasiado, as chuvas constantes. Imagina: você sai com o tempo bom, de repente chuva e em seguida sol escaldante. Não tem como se preteger, ainda mais de moto. Assim não há resitência que dê conta. Preciso de repouso e chás mesmo, rs.
Ficarei aqui até finalizar a agenda já assumida (ultimas atividades terminam em 18/12). Pretendo encarar os 2.200 km (de retorno) e passar o Natal e Ano Novo com a família (além de ser data especial, minha mãe passará por cirurgia nesse período). Descansado e recuperado seguirei com o Girobrasil em 2007 pela rota Sul, Nordeste e Norte, assim, estarei livre do período chuvoso aqui. Esse é o desafio do Girobrasil: conhecer e viver cada região do nosso Brasil. Sem medo de mudanças e adaptações.
aos leitores e amigos...
Tenho um compromisso com vocês. Informar da viagem e divulgar o que acontece. É muito bom acessar o blog e receber vossos comentários. Obrigado. Continuem acessando e divulgando. Usem os textos se lhes servirem (seja em sala de aula ou mostrando a amigos), esse intercâmbio é o barato de tudo. Vamos revelar os brasis existentes dentro do nosso Páis. Até o próximo texto (breve).

quarta-feira, novembro 22, 2006

IR OU FICAR?

Chegar, ficar. As horas vão passando, as amizades nascendo. Uma apresentação aqui, outra acolá. Um projeto novo, um desafio maior, uma esperança de mudanças (no sentido literário) de poder deixar uma contribuição e também levar algo. Aos poucos a sensação é de estar inserido no processo local, de fazer parte da história e da realidade do lugar. Respirar. Sonhar e voltar com os pés no chão. Aqui no Tocantins estou superando o limite de dias imaginado (e bem acima, já estou há 15 dias, quando o pensado eram 08). As coisas vão acontecendo. Surgem propostas de trabalho, desafios e ao mesmo tempo o reconhecimento de um sonho (e na verdade preciso de trabalho, pois não há patrocinador no Girobrasil).
as redes se fazem...
Uma saída, um bar, uma oficina teatral, no encontro entre amigos, em uma universidade; se conhece pessoas, gente. E quase como uma regra química os semelhantes se encontram (ou se opoem?). Tenho conhecido uma galera de sangue bom, professor José Manoel, Professora Lia, Patricia (e toda turma da Visão Mundial), Artemisa, Edilberto, e a família do Welliton, que acreditam em transformação social. Gente do bem. Amigos e parceiros. Aos poucos vamos tecendo a rede da vida, pois é assim que vivemos, em rede. Já dizia Fernando Pessoa: "Nenhum homem é uma ilha". È preciso estar em conjunto, em coletivo.
O calor e as chuvas repentinas do norte delimita o sentimento humano, da presteza e do agrado. È preciso olhar com calma para não se entregar de vez.
ir ou ficar...
A entrega às necessidades culturais, a receptividade do povo. Ir ou ficar? Reflexão indispensável. Em breve irei, e preciso prosseguir. Mas preciso cumprir algumas agendas assumidas (e ficar atento, pois a cada dia me surgem novos convites, confesso que me faz bem, sinto reciprocidade, mas há muito a conhecer ainda pelo Brasil). Que os leitores tenham a certeza que a cada dia (mesmo diante das dificuldades encontradas) afirmo meu pensamento de que há gente que gosta de gente. Que gosta com a pureza do humano (ao mesmo tempo complexo), que gosta de forma gratuita e livre. E que faz disso uma forma de vida.

sábado, novembro 11, 2006

VOLTA AO TEMPO

Hoje voltei ao tempo;
revi pessoas e coisas,
relembrei momentos...

Respiro. Reviro-me de um lado para outro. Sensação de desconforto. Em consciência nada me importuna. Mas há uma sensação de nostalgia. Tenho lido e ouvido as histórias do lugar, das brigas contra a injustiça social e da busca de sonhos (como a reforma agrária). Conheço por relatos e textos o Josimos (Pe. morto por defender os excluídos); tomo ciência do exemplo da quebradeiras de côco (mulheres que se associaram pela sobrevivência); da guerrilha do Araguaia (camponeses pela reforma agrária, brutalmente assassinados); me contorço. Não há conformidade.
Latente em mim pulsa algo que não sei definir, mas que me deixa fora do "normal". Emotivo. Pasmo e ao mesmo tempo com vontade de fazer algo. Não sei o quê, nem como como.
Me dá saudades, me dá raiva, me dá alegria. Me faz respirar profundamente ( no ar e na história). Fica a certeza: algo me incomoda e, é como se fosse um vulcão em processo de aquecimento. Podendo entrar em erupção ou até mesmo adormecer mais tempo. Não tenho respostas, e nem ação. Mas sei que hora ou outra entederei algo, "a ficha cairá" e poderei compreender o que agora nem faço idéia... Por enquanto recorro a respiração e essas anotações como alívio paliativo...

quarta-feira, novembro 08, 2006

SOBREVIVI A BR 153...

O dia começa a clarear; o relógio marca 6hs e 50min, manhã fresca e gostosa de segunda-feira (06/11), ar de chuva. Com a traia organizada sigo estrada, inicialmente pela GO 431 (pista boa) e logo chego a BR 153 (conhecida como Belém-Brasília). Começa a prova de resistência e sobrevivência.
a vida pede passagem...
São horriveis os buracos e as condições da via. Não há acostamento, sinalização e nenhuma condição de tráfego. Os motorista saem como famintos de pés cortados, se arrastejam. Não existe mão para quem vai ou para quem vem, só existe caminho pra quem consegue sobresair aos buracos, verdadeiro caos.
Não há possibilidades nem de encostar a moto para fotografar, nenhum local seguro, nenhum mesmo. Por vezes corri risco de vida, fui expulso ao mato (pois acostamento não existe). Assustei. Freadas intensas, e por muito a sensação de perigo me altera, assusta, desanima, eita estrada nojenta.
curioso:
Embora a precariedade tome conta do trecho de 200km acima descrito, não avistei (graças a Deus) nenhum acidente. Bastou entrar em pista confortável (já reformada e decente) que em menos de 30 km presencio um desgovernamento de carreta, provocando tumulto na via.
O motorista perdeu o controle e deu o famoso L (situação em que a cavalinho -frente da carreta- se vira totalmente e forma em conjunto com a traseira a letra L), estrago material, mas nehuma vítima, apenas uma hora de trânsito parado. Os guinhos entram em ação e liberam a estrada.
Percorri 766 km neste dia, no trecho final (130km) uma chuva me acompanhou e refrescou a tardinha. Per noitei em Paraíso do Tocantins. Manhã seguinte é preciso encarar os 360 Km restantes.
rodas na estrada...
Depois de uma boa noite de sono é hora de voltar a estrada, agora em melhores condições de tráfego. Me acampanha um tempo nublado e um calor infernal (começo a entender que estou no norte, rs).
Chego no início da tarde em Araguaína - TO, ufa, graças a Deus!
Da estrada guardo a sensação de estar sempre no fio da navalha. Qualquer erro (por mais bobo que seja), qualquer descuido (seja fração de miléssimos de segundo), pode ser fatal...

domingo, novembro 05, 2006

GOIÁS...GOIÁS...

Em Goiânia-GO foi recebido pela galera do CJ (Coletivo Jovem do Meio Ambiente), Diogo, Patricia (namorada dele) e o Jorge; depois conheci o Anselmo, uma turminha especial. Fiquei hospedado na casa do Diogo (ele mora com avós e parece hotel de trânsito toda hora tem gente diferente na casa, rs). Me levaram pra conhecer a cidade, e organizaram minha agenda, marcaramm escolas, entrevistas e city tur. O Diogo viajou e mudei a hospedagem pra casa do Anselmo (ele também mora com avó, rs). Encerrei as atividades em Gioânia na quinta (feriado). O Girobrasil chegou à escola estadual Irmã Gabriela (falei com 200 jovens, foi ótimo), entrevistei o Gabriel (um papo cabeça sobre homossexualidade e jovens), muitas imagens da cidade. Fui a teatros, conheci muitas pessoas e batemos muito papo. O CJ organizou a ida para Perinópolis, e o Anselmo foi meu guia e auxiliar (cara super gente boa e amigo).
Pirenópolis - história e cachoeiras...
Em Peri conheci a Aline e o Luiz (eles também são do CJ-GO e namorados), fiquei hospedado numa chacara modesta, a 4km da cidade (rica em frutas, casa do Luiz). E lá se iniciaram as entrevistas, fotos e caminhadas. A cidade é rica em arquitetura e história, além de cachoeiras e gente interessante (não entrarei em detalhes, afinal tem que ficar algo pro livro né, rs), valeu a pena. Aproveitei a vinda do Anselmo e incentivei-o a conhecer a área de comunicação, ele fez imagens, experimentou na prática o fazer. No domingo almoçamos com a familia da Aline (agricultores e artesãos), comida caseira e deliciosa, feita no sítio.
o que fica de Goiás...
A passagem por Goiás me surpreendeu. Estive a vontade, me senti em casa. Conhecer a galera do Coletivo Jovem me fez voltar ao tempo, a minha história. Me vi quando no Clube de Ciências, Grêmio e Grupo de Teatro Estudantil, as oportunidades e descobertas afloravam ( é algo maravilhoso descobrir outros pensamentos, outros mundos). Recordei-me como as pessoas que passam por nossa vida são importantes e podem deixar inúmeras contribuições (nisso fui privilegiado, a vida me colocou em contato com muitas pessoas especiais). Poder estar com essa turma foi algo incomensurável. E espero ter deixado a minha contribuição (pois a deles eu levo comigo), que essa turma, agora amigos, realizem os sonhos, conquistem seus espaços. No coração levo a certeza de ter encontrado gente do bem, na alma o sentimento de ter sido útil.
rumo ao Tocantins
Sigo nesta segunda (06/11) para Araguaína - TO, tenho mais 1.200 km pela frente (ufa, rs). Quero poder conhecer o Jalapão e cumprir meus compromissos com a galera da Unitins (darei uns cursos na Uiversidade Estadual do Tocantins). Amig@s fiquem bem, e não se esqueçam de acessar, comentar e divulgar. Vocês me dão forças e energias para a continuidade... Abraços...

sábado, outubro 28, 2006

A FORÇA QUE VEM DA JUVENTUDE


Sorrisso aberto, olhares atentos e curiosos... perguntas e posicionamentos dos mais variados. São jovens estudantes; alguns de escola pública outros da Universidade. Aos poucos vão se abrindo, falando de seus sonhos, desafios de vida e problemas mais comuns. Impressiona como uma boa energia toma conta do ar. Há uma interação entre os olhares, os sentimentos. Em Brasilia pude realizar um verdadeiro intercâmbio entre alunos da periferia na cidade satélite de Ceilândia, de classe média no Guará e estudantes de artes da UNB (Universidade de Brasília). Foi muito bom. Me fez bem ver o brilho no olhar e me contagiar com estes.
sou de Brasilia sim senhor...
o Girobrasil esteve aqui em bom momento (senti isso) a galera externou com afinco suas posições em relação a auto-estima. Nesse tema há algo que quem mora em Brasilia faz questão de dizer: "Sou de Brasília sim". Mas isso quer dizer mais que ser morador dessa região. É uma expresão carregada com um sentimento de: sou daqui e aqui não se resume a políticos e corrupção. Aqui tem gente e gente de verdade.
Entre os jovens isso é latente, desperta o gigante que há dentro de cada um e parece que em breve isso pode gerar novos comportamentos (essa insatisfação de como a capital do país é vista fora daqui os deixa indignados, e isso uma hora se transforma).
eu faço parte...
Seja de onde for (capital ou cidade satélite) a vontade é gritar a mesma coisa: "eu faço parte". Parte de uma turma que quer dar outro rumo a vida. São ligados a projetos voluntários, cada qual a seu modo dá a parcela de contribuição, seja atuando em movimentos religiosos, estudantis ou comunitários. Ao total tive contato com mais de 400 jovens. Houve empatia com as ações do Girobrasil. Manifestações de apoio, e espero ter deixado aqui uma possibilidade de reflexão.
Que essa energia tome conta de todo o Brasil, que nós jovens possamos enxergar mudanças e descruzar o braço em busca destas. Que cada um de nós possa ter orgulho de dizer: EU FAÇO PARTE, PARTE DO BRASIL.

segunda-feira, outubro 23, 2006

FAMÍLIA HÊ...

Sabe aqueles dias que você resolve pegar o telefone, dar e receber notícias? E ao ouvir a voz dos interlocutores (pessoas amadas e queridas) a emoção toma conta...é preciso respirar para a voz sobresair ao choro, rs, mas é um choro gostoso, de carinho apesar da distância. Como é bom ter uma família e ter amor nesta família. Sou grato a Deus pela que tenho. Me sinto feliz e forte por essa existência. Faço questão de dizer minha história, fui adotado aos oito meses de idade por pessoas iluminadas. Somos entre adotados (dois) e biológicos em oito irmãos (dois homens e seis mulheres, rs). E nunca houve na nossa criação nenhum privilégio a este ou aquele rebento. Tenho orgulho de minha história e afirmo: sou o que sou e chegarei onde chegar porque tenho uma familia que posso contar. E a essa se juntam os amigos que a vida me presenteia.
um por todos e todos ...
A experiência do Girobrasil (já passei por SP-RJ-MG e DF) me coloca em contato com diferentes pessoas, sonhos de vida, histórias e angustias, tenho encontrado gente de toda a "natureza", de todo o jeito e de todas as idades. Percebo quanto se faz necessário ter uma familía, seja essa biológica ou não, seja aquela na qual nascemos e crescemos ou a que a vida nos permitiu escolher, o que não pode faltar é a presença de uma (não me remeto ao sistema padrão de família, resumo familia as pessoas com quem podemos contar, independente de ligação sanguínea). Se "jogar" no Brasil com duas rodas tem me mostrado quão intríseco está essa necessidade humana. E tenho encontrado "minhas famílias" Brasil a fora". Pessoas que me recebem em suas casas, em seus locais de trabalho, que me mostram a vida a partir da sua própria visão, e que fazem não perder as esperanças de transformação. Usarei um exemplo.
o ajudar gratuito...
Terminada minhas atividades em Belo Horizonte - MG (fiquei uma semana), já me dava por contente (boas entrevistas, imagens, subi a maior favela da região, fiz muitos contatos, dei oficinas teatrais, fiz amigos) rumei sentido Brasília - DF (são 750km). Entre uma parada e outra em posto de gasolina (abastecer e alongar) sou abordado na pequana cidade de João Pinheiro - MG (penúltima antes da divisa com GO) por um simpático senhor aparentemente apaixonado por motos. Seu nome: Vilson. Ele faz parte de um motoclube local: Os Piratas. Diálogo estabelecido curiosidades sanadas paguei a gasolina e me despedi (ainda restam uns 350km até DF). Assim que funcionei a moto o Vilson encostou seu carro (ele e a esposa dentro) e me fez um convite: nós vamos fazer um churrasquinho ali na beira da estrada, o nosso grupo de motoqueiros, vamos lá com a gente. Não resisti, aceitei e segui-os.
o grupo...a família...
Ao chegar logo foram providenciando as bebidas, a carne e acendendo o fogo. O Vilson me apresentou a todos ( um por um) e repetiu minha história inúmeras vezes, em minutos eu parecia ser um amigo de velhos tempos. Fui bem recebido e conversamos sobre estrada, moto, viajens e também piadas, rs. Cada um tinha o prazer de dizer o que bem entendia. Recebi dicas e sugestões sobre mecânica, rotas e falei muito sobre o MS. O mais marcante disso é que a fraternidade estava estampada no grupo, era naquele momento a minha família.
A estrada nos mostra como somos todos iguais, que apesar das barbáries e medos socias, ainda há pureza, alegria e gente da melhor qualidade espalhada por ai. Cada dia, cada contato percebo a ampliação de uma família, a dos que sonham, acreditam e resolvem ir a luta.
P.S leiam, comentem e divulguem o blog por favor. Gostaria de saber se os textos estão bons, no que posso melhorar e pra isso preciso de você. Que também já faz parte da minha família.

segunda-feira, outubro 16, 2006

UM CAFÉ À MINEIRA

Terminou o almoço. Comida da boa, por uma questão de adaptação orgânica fui de devagar, não devorei intensamente os pratos típicos, tentei equilibrar com salada. Bom, mas o assunto não é o almoço... e sim o exato momento em que ele termina.
um café, por favor...
Num cantinho reservado próprio para café, sentei-me em uma simples e charmosa cadeira branca que faz par com uma rude mesa de madeira. Já "instalado" fiz o meu pedido: um café por favor. Ao meu lado esquerdo três pessoas que aparentemente conversavam sobre um projeto de parceria entre escola e empresa de propaganda, algo como um comercial de tv. Pra mim ele faziam mesmo é arti (articulação, rs). O que me chamou a atenção foram as duas mesas a minha direita.
Na primeira um homem de aproximadamente trinta anos. Ele tomava seu café e resolveu fazer uma ligação. Logo me pediu a caneta emprestada (fiquei pensando: como eu vou anotar a cena agora, rs), aos poucos o vi emputecido com algum problema bancário. Na mão esquerda ele tinha uns papéis e a minha caneta; na direita o celular posto ao ouvido. A expressão facial e o tom de voz ganharam força: "então quer dizer que ocês é que erram é é eu que pago o pato sô, uai que negócio é esse sô". Logo se levantou me devolveu a caneta e saiu...
Na mesa em sequência um casal de meia idade. Elegantes. Ele do tipo que usa calça branca e chapéu (só tinha visto isso em filmes e fotos de época), ela de vestido e colar. Entre água e café o celular dela disparou: "Sim é como eu lhe falei, só depende agora é de vê a seguradora sô". De repente o tom de voz e a elegância caem por terra: " uai, tá pensado o que sô. Eu tamém tô a pé e num sô eu que resolve isso não sô. Me faça o favô uai..." e num ato de nervosismo desligou o celular se levantou e rumou porta a fora. O parceiro com estilo, se pôs de pé, colocou o chapéu e a seguiu.
será o efeito...
Minha dúvida é: será que eu também terei a mesma reação? Se isso tiver a ver com o uso do celular (os dois o usavam) tô livre, pois o meu não funciona aqui. Pensava que os mineiros fossem mais "devagar", ou será mesmo o efeito do café? Xi nessa história toda eu já tomei quatro...

O APRENDIZADO QUE VEM DA ESTRADA...

Da preparação até agora percorri mais de 4 mil km, passando pelo Pantanal Sul-Mato-Grossense, SP, RJ e MG. No trajeto várias situações, chuvas, neblina, frio, calor intenso, muito trânsito, vi acidentes, rezei, assustei-me, acreditei e tive muito medo também. Hora por auto-estrada tendo como companhia a paisagem, hora no trânsito urbano com toda a sua loucura.
Em SP o pensar e agir a cem por hora; as estatíscas e os casos reais do que se vê por onde anda (são acidentes e muito sofrimento); no Rio a preocupação da violência urbana, cruzar as linhas vermelha e amarela passando por favelas e rotas do tráfico. O esperar pelo desconhecido (como estou contando com ajuda de amigos e amigos de amigos na maioria das vezes só passo a conhecer a pessoa quando já estou na casa dela, rs), descer serras, subir serras, enfrentar o mau tempo e os motoristas malucos. Olhar e ver chão e mais chão...
o olhar...
As paisagens encantam e chocam, com elas o sentimento de querer (mas não poder, nem conseguir) expressar em imagens o que se vê e sente é estranho ( o olhar, o pensamento e o sentimento que não se descreve e não se repete). Por momentos o olhar busca o arquivo de vivências anteriores, busca respostas e levanta outras questões. Dá vontade de voltar aos braços da familia e amigos, e ao mesmo tempo de prosseguir. O coração se arrebenta, se fortalece e o tempo não pode ser mais "compreendido" ou explicado.
Imagino (como o que tenho sentido) como deve ter sido para os militantes políticos em época de ditadura, que iam em busca de seus ideais e do desconhecido (mesmo tendo alguém a esperar, esse alguém muitas vezes era desconhecido, isso pra salvarem a própria vida).
Será que o olhar dos olhos é o mesmo que o olhar da alma?
o que fica disso tudo...
O contato com essa experiência/vivência é algo surpreendente. Ao mesmo tempo histórias de pessoas que levantam sacodem a poeira e vão a luta, de outro lado a crueldade humana. As favelas, o medo, a descoberta, as surpresas, o querer fazer e não poder, o dar explicações, ouvir, sentir, a fragilidade e a complexidade humana. O estar sozinho e entre multidão ao mesmo tempo. Não ter um ombro amigo mas, ser recebido pela solidariedade, a exposição, o crescimento, a partilha, tudo tão intenso e tão junto. É ao mesmo tempo ser forte e fraco, bom e ruim, literalmente se lançar a sorte do destino.
É engraçado: saber o que se quer, para onde ir, mas numa subjetividade não conhecer os caminhos e os caminhantes do percurso. É uma constante de incerteza, de aventura, de medo, de ousadia, de descoberta e ao mesmo tempo de coragem. É estar em contato com a dualidade do ser humano, ir do simples ao complexo em fração de segundos.

sexta-feira, outubro 13, 2006

O RIO É UMA CIDADE DE CIDADES...

Princesinha do mar (assim é Coopacabana), o inferno dos povos (será a Cidade de Deus?), já bem resumiu Fernada Abreu "Rio- purgatório da beleza e do caos", essa passagem pelo pela Cidade Maravilhosa tem sido fantástica. Dos pontos turísticos (a beleza da cidade) até o local onde estou hospedado, Jacarepaguá (próx. ao Projac) fica evidente a definição do Rio: a cidade de cidades, no caminho belezas de morros, serras, mar, e ao contra-ponto as favelas (comunidades eles dizem aqui). Diariamente passo pela Cidade de Deus e a tensão é grande. Claro que a mídia contribue para a expansão do medo e violência, mas os fatos diários mostram que não há tanto exagero assim não. Tenho visto, conversado, presenciado muita coisa bacana, e também bisarra, mas nada de registro fotográfico ou vídeo (isso é proíbido e perigoso), tomar ônibus diariamente é uma escola. Agora entendo o lance da proteção pela violência, é isso que acontece mesmo. As comunidades (favelas) são protegidas pelos traficantes, eles cuidam do seu povo, só não pode é pisar na "bola", sair fora do "acordo" de conveniências. Chamaria os cariocas de "heróis da resistência", é preciso resistir a própria sorte de vida por aqui. Mas é claro que pra quem tem dinheiro e pode usufruir o melhor da cidade isso é show (não estou nessa condição, rs). As paisagens são paradisíacas. Confesso que tudo isso tem me inspirado muito a escrever (meu caderno tem muitos rascunhos) e a continuar a descobrir os brasis dentro do Brasil.
a fila anda...
Não posso ficar parado no tempo, preciso me organizar e seguir em frente, fazer a fila andar. Este fim de semana sigo pra MG. Essa fase agora o coração fica muito apertado, estar longe da família e amigos, da zona de conforto é algo provocante. Eu diria que esse "estágio da vida" me surpreenderá muito ainda. Fiquem bem e até mais. Há, e por favor deixe seu comentário no blog...

terça-feira, outubro 10, 2006

DE SAMPA AO RIO

Nossaaaa......que semana hein! Fiquei em Sampa três dias, hospedei-me na casa de meus tios e contei com grandes amigos (o Ricardo da Viramundo foi um paizão mesmo), me apresentei numa escola da pesada (periferia mesmo e o trabalho foi excelente, me emocionei muito). Bom, relatarei brevemente a experiência entre SP e RJ, pois estou no Simpósio Ciência e Arte (Fiocruz) e tô usando o computador de expediente, tô isolado no Rio, rs, literalmente.
EM SAMPA...
Chegar em São Paulo eu resumeria em pensamento a cem por hora, isso mesmo. È preciso a cem por hora no trânsito cuidar da própria vida, ler as placas e ter sorte, ufa. Se perder nas ruas é no mínimo uma condição...me perdi pacas. Bom, depois de horas cheguei na casa de meus tios no parque São Rafhael, zona leste, periferia. Lá descansei e na manhã seguinte fui a uma escola vizinha pedir autorização pra fazer o GIROBRASIL.
No inicio alguns problemas de agenda, mas logo a coordenadora encampou a idéia e rolou a atividade. Uns 40 jovens participaram. Ao final da apresentação os depoimentos para o video, me surpreendi muito. Histórias como a do Renato, 18 anos, que disse dos problemas que teve com as drogas, o preconceito e os desafios e caminhos que enfrenta para ser o Renato que sonha. Fiquei emocionado e fragilizado também, pois a adrenalina do medo e da preocupação, do desafios e do mistério, do não saber o que pode acontecer ali (pois sou um estranho no ninho) é algo inexplicável.
Também em São Paulo pude rever amigos, assistir peças teatrais de graça e gravar uma entrevista com o Ricardo (ele falou dos desafios e conquistas sociais dos homossexuais). E como é bom contar com os amigos, o Ricardo (na área teatral já fizemos algo) me ajudou muito, levantou contatos na minha rota e assim conseguiu lugares pra me hospedar (como o casal Elton e Rosana no RJ).
NA CIDADE MARAVILHOSA...
No Rio foi bem recebido por Elton e Rosana (casal jovem e atores que estão tentando a vida no Rio). O Simpósio Ciência e Arte na Fiocruz (inscrevi um artigo do Caras de Pau) está sendo muito bom, mas ainda não tive tempo de excutar o GIROBRASIL, apenas levantando uns contatos. Tenho muito a escrever sobre a sensação de estar no RIO (não é nada fácil, mas é um grande aprendizado) porém, como estou usando um PC de trabalho da galera, não disponho de tempo agora, pena (mas em breve escrevo algo). Uma coisa digo abertamente: não é fácil lidar com as mazelas da humanidade, ir do simples ao complexo com tanta verocidade...a cada minuto repenso o valor da vida e a condição de ser humano.
Fiquem todos bem e até breve com novo texto...

quarta-feira, outubro 04, 2006

PÉ NA ESTRADA MESMOOOO...

COMEÇOU A AVENTURA...
Sem desculpas, agora é pra valer mesmo, foi dada a partida, corrida iniciada e que o futuro me reserve bons momentos e registros. Quero muito agradecer aos apoiadores, meus amigos Celso da COVEL MOTOS, o Tiago da ANITA CALÇADOS e o Julião da GRÁFICA PONTUAL, graças ao apoio dessa galera foi possível começar. Agradeço muito a Bia, o Elânio, o Rocha, o Ever, o Cleber Dias, a Neiba, a Alexandra, a galera da TV, do Caras de Pau, a familia e a todos que me incentivam e me apoiam, essa força é muito especial, obrigado.
O início oficial do Girobrasil se deu ontem (terça-feira - 03 de out) e a estrada já rendeu alguns frutos (só não baixei umas fotos aqui por que o PC num tinha esse recurso, rs). Sai de Campo Grande - MS e percorri praticamente 600 km até a cidade de Presidente Prudente - SP, onde me hospedei na casa da Melissa e da Vera (mãe e filhas, minhas amigas de longa data), com o apoio da Mel já havia uma escola agendada, a Formozinha (rede estadual) e logo na manhã do dia 04 (quarta-feira) comecei as atividades, me apresentei pra 70 jovens do ensino médio ( 3ºano), o teatro fez sucesso e logo em seguida algumas gravações e batemos muito papo. A galera me indicou um figuraça da cidade vizinha o famoso Carlito (isso falo mais no final do texto, rs). Em resumo cheguei, cansado mas muito animado.
O CAMINHO...
Confesso que a partida de Campo Grande não foi nada fácil. Imagina se despedir de amigos e familia, é muita emoção, o coração fica mesmo muito apertado. Mas a vida é feita assim de chegadas e partidas...e espero voltar melhor do que sai e encontrar todos melhores ainda.
A estrada de forma geral não é tão ruim, embora tenha trechos muito delicados. O maior problema enfretado é o intenso transito de carretas e caminhões (é complicado, pois o vento e vácuo podem se tornar um grave problema na estrada). Para longar e esticar um pouco parei em Nova Alvora do Sul , Casa Verde e Bataguassu, municipios do MS, e finalmente em Presidente Prudente - SP. Como é bom chegar, tomar um banho, comer, ir a um churrasco (hehe) e dormir...
RESULTADOS DO DIA
Me apresentei na escola estadual Formozinha (70 alunos do ensino médio), foi bacana. A galera participou e contribuiu com indicações. Saindo da escola fui na cidade de Àlvares Machado (89 anos e média de 25 mil habitantes, fica há 15km de Prudente) conhecer um figuraça, o Carlito.
Ele é um tipo rip urbano, com 53 anos de idade parece mais uma criança que qualquer outra coisa, sempre fazendo micagens, brincadeiras e adora chamar a atenção...tem cd gravado (toca umas musicas dele e muitas paródias) e tá finalizando um DVD (o cara é esforçado e a população gosta dele). Ele fez uma praça na frente da casa, colocou um monte de frases pela cidade, algo como "PRA QUE FICAR DE BRAÇOS CRUZADOS SE O MAIOR HOMEM DO MUNDO MORREU DE BRAÇOS ABERTOS", é uma comédia, gente do bem. Me diverti com ele, e a criançada o idolatra. Esse é o Brasil que quero registrar, de gente simples mas de bem com a vida, em paz consigo mesmo. O Carlito é um bom exemplo.
E A ESTRADA CONTINUA...
Vou durmir em Prudente mas logo cedinho sigo pra São Paulo capital, quero estar lá antes do fim do dia, aquele transito é maluco de dia, imagina a noite eu hein, rs. Graças a Deus tá indo tudo bem. É isso galera, um forte abraço e rezem por mim.

sábado, setembro 23, 2006

CONTROLANDO A ANSIEDADE...

AMACIANDO O "COURO"...

Nada definido ainda em relação a saída da TV (está demorando pacas), resolvi pedir folga na quinta e sexta-feira (21 e22/09) e peguei estrada. Ainda na fase de amaciar o motor da moto e também digamos que o meu "coro" (em especial a bunda, rs) fui visitar uns amigos na fazenda Cavalo Preto ( Anaurilândia - MS) a 350 km de Campo Grande, um belo e delicioso lugar para descansar, estar em contato com a natureza e acima de tudo com bons amigos.
O CARONA
Convidei o Rhay (grande amigo) para essa empreitada (queria ver o desempenho da moto com garupa), lá fomos recebidos pela família Cintra (sr. José, srªOdete, Nádia e Márcio). Levamos cinco horas para completar o percurso, saimos às 05hs de Cpo Gde. Viajar de moto requer muitas paradas e esticadas. O Rhay foi enfermeiro da família por muito tempo. É uma pessoa especial e bem humorada.
VIDA DA BOA...
Como é boa a comida em fazenda, tudo ali feito no fogão de lenha, com carinho especial. Comemos, conversamos e rimos muito. O Rhay e o Márcio são amigos há mais de 15 anos e juntos não deixam ninguém quieto, são bem animados. A tarde resolvemos observar orquídeas, que beleza. Mas isso requer entrar no rio e caminhar por água uns três quilômetros, é emocionante (ainda bem que a profundidade média do rio é de 1,60mts), água fria e muita planta diferente, é uma reserva legal dentro da propriedade.
A tarde fomos preparar a fogueira e o jantar (na zona rural se come muito), que noite gostosa, churrasquinho de carneiro, fogueira com muita prosa e risadas. O bom humor é presente na familia Cintra, de tudo e todos eles tiram sarro, fazem gracinhas, rs. O sono chegou e a canseira venceu.
AMANHECEU!
Acordado fui caminar pela fazenda (uns 50min) em seguida todos prontos para o café (leite, queijo, ovos, pão, café), o tempo fechou e começou a chover ainda de manhã.
Aproveitei e fiquei com o sr. José ( no galpão) conversando sobre varios assuntos (vida, familia, surpresas), enquanto isso a turma preparava o almoço (hum franguinho na panela e outras delicias caipiras). Lá fomos nós para a mesa e ao ataque. Ainda nem eram 11hs e já haviamos almoçado.
Um cochilo na rede e iniciamos a preparação da partida, haviamos programado sair até as 14hs. Nos falaram de um caminho alternativo e lá fomos.
O RETORNO
Juro que o trecho da volta, entre chão e asfalto foi um dos mais exigentes até agora. Faltando uns 200km para chegar em Campo Grande dividiamos a pista (má conservada e sinalizada) com imensas carretas e treminhões (aqui é época de colheita da cana e soja). Muitos foram os sustos e as preocupações na estrada. Mas graças a Deus tudo ocorrreu bem e as 19hs e 30min já estavamos em casa.
Tem uma coisa que não me sai da cabeça com essa ultima viagem: como é bom estar num ambiente com a pureza do ser humano, com a simplicidade da vida e a visão de que tudo pode ser cada vez melhor e mais simples.

terça-feira, setembro 19, 2006

Viajando o Brasil em duas rodas

Na fase de preparação para a realizar o maior sonho da vida: conhecer o Brasil de ponta a ponta sobre duas rodas.
Entre a decisão e o ato:
Em uma semana resolvi por o plano/sonho em prática. Paguei as contas (algumas em espécie e a maioria a base de troca, rs) e solicitei a liberação da empresa em que trabalhava (afiliada do SBT - MS) aproveitei e espalhei a idéia aos amigos.
A principio iria morar em Fortaleza (dado a contatos de amigos), logo resolvi trocar o CE pelo Rio de Janeiro, o grande centro de Brasil na área de produção em TV e teatro (áreas que atuo). Mas aos poucos a "ficha" caiu e entendi que este era o momento de realizar um grande e antigo sonho: viver o brasil, conhecê-lo de ponta a ponta, mas com o olhar de quem está nesses locais.
Aluguei minha casa (até pra poder pagar o financiamento da moto) e começei a trocar e-mails, telefonemas e muitas conversas com amigos e com pessoas que já se envolveram em algo semelhante. Enquanto a minha demissão não é autorizada aproveito e testo equipamentos (moto, filmadora, gravador), estudo roteiros, fazendo contatos e planejamento.
A moto:
Não tive muitas opções financeiras, apenas me concentrei que precisava ser uma moto de suspensão e econômica. Financiei um NXR -150 - Bross da Honda. Tomei o cuidado de realizar o amaciamento do motor e já fazer a primeira revisão (1000km) antes da partida oficial.
O aquecimento - preparação de estrada:
Peguei a moto no sábado (16/09) e resolvi dar uma esticada. Fui visitar a Duka em Taboco (150km de Campo Grande - MS), ela foi minha professora no colegial e é uma daquelas pessoas que marcam na vida, foi minha grande incentivadora em Clubes de Ciências e sempre amirei-a pelo dinamismo e garra. O local é uma reserva ambiental em um lugar maravilhoso. Ela e a Lidia me receberam muito bem, foram especiais. Passamos a tarde e a noite conversando, admirando a paisagem, discutindo política, filosofia e falando da vida e de sonhos.
No domingo (17/09) saí cedo, às 05hs e 30min, resolvi fazer o caminho sugerido pela Duka (120 km de chão dentro do Pantanal, passando por Taboco-Corguinho chegando até Aquidauana) uma estrada linda com morros, matas, riachos. Terreno próprio para off road, pedra, areia, lama, rios e muitas paisagens lindas. O sol, como numa poesia e charme, me acompanhava. O amanhecer pantaneiro é lindo, aquela bola vermelha laranjada, tímida, seguia comigo. Entre morros e matas lá estava o sol. Os pássaros e animais embelezam a estrada. Pena que não levei equipamentos de foto ou vídeo.
Concluído o trecho de chão (130km) fiz uma parada, um lanche e uma esticada no corpo. De Aquidauana até Campo Grande são mais 120 km, de bom e perfeito asfalto.
P.S - na estrada pantaneira, numa curva acentuada em um terreno de pedras, por um descuido e acionamento indevido do freio levei meu primeiro tombo, ai. Moto e piloto no chão, e não poderia faltar alguns ralados e arranhados, rs.
Como ainda não fui liberado da Tv, devo cumprir as obrigações de empregado e esperar a liberação oficial. Em breve novidades. Tô aproveitando e ampliando a rede de contatos via internet e amigos, hehehe...